O que você vai ler neste artigo:
- Por que a cobrança extrajudicial é sua primeira linha de defesa
- Documentar tudo: sua proteção contra o “não devo nada”
- Como fazer cobrança sem cometer abusos
- Negociar não é ser bonzinho demais
- Notificação por cartório: quando investir
- Serviços online: alternativas mais baratas
- Quando o cara sumiu: como localizar
- A hora de ir para a Justiça
Se você emprestou dinheiro, alugou um imóvel ou vendeu algo parcelado e agora está sem receber, você sabe como é frustrante. Ficar ligando, mandando mensagem e ouvir desculpas esfarrapadas enquanto seu dinheiro não aparece.
Eu vou te explicar como cobrar uma dívida de forma eficaz sem sair por aí fazendo besteira. Porque cobrar errado pode virar um problema maior que a própria dívida.
Por que a cobrança extrajudicial é sua primeira linha de defesa
Antes de pensar em advogado e processo, você precisa esgotar a cobrança extrajudicial. E tem motivos práticos para isso.
Primeiro: é mais rápida. Enquanto um processo pode levar anos, a cobrança bem feita resolve em alguns meses. Segundo: é infinitamente mais barata. Você gasta algumas centenas de reais contra milhares em um processo.
Terceiro: às vezes a pessoa realmente quer pagar, mas está passando por dificuldades. Se você entender como cobrar uma dívida sem ser truculento, pode resolver tudo de forma civilizada.
Quarto: se não der certo e você precisar ir para a Justiça, o juiz vai ver que você tentou resolver amigavelmente. Isso conta pontos a seu favor.
Documentar tudo: sua proteção contra o “não devo nada”
A primeira regra sobre como cobrar uma dívida é ter como provar que ela existe. Sem documento, você vai ficar na mão se o cara resolver fazer de conta que não deve nada.
O ideal é ter contrato assinado, nota fiscal, recibo, comprovante de transferência. Mas se você não tem nada disso, não desespere. Conversas de WhatsApp valem como prova, e-mails também.
O importante é conseguir mostrar que houve um acordo entre vocês e que o cara se comprometeu a pagar. Uma mensagem dele dizendo “pago na sexta” já é uma confissão de dívida.
Agora, toda vez que você tentar cobrar, documente. Ligou? Anote data, horário e o que foi conversado. Mandou WhatsApp? Guarde o print. Encontrou pessoalmente? Se tiver testemunha, melhor ainda.
Essa documentação é fundamental para saber como cobrar uma dívida de forma inteligente. Se depois você precisar ir para a Justiça, vai ter uma linha do tempo completa das suas tentativas.
Como fazer cobrança sem cometer abusos
Olha, eu entendo sua irritação. Nada é mais chato que ficar correndo atrás de quem te deve. Mas se você exagerar na cobrança, pode virar réu num processo por danos morais.
Evite expor o devedor. Nada de postar no Facebook, contar para os vizinhos ou ligar no trabalho dele falando alto. A cobrança tem que ser discreta.
Não ligue 20 vezes por dia. Isso é perturbação e pode dar problema. Duas ou três tentativas por semana é o suficiente. E respeite horários – nada de ligar muito cedo ou muito tarde.
Sobre como cobrar uma dívida pelo WhatsApp: pode, mas seja educado. Escreva como se sua mãe fosse ler. Nada de ameaças do tipo “vou acabar com você” ou “vou espalhar que você é caloteiro”.
O tom deve ser firme, mas civilizado. Algo como: “João, estou entrando em contato sobre nossa pendência de R$ 5.000,00 que venceu em janeiro. Podemos conversar sobre como resolver isso?”
Negociar não é ser bonzinho demais
Muita gente acha que negociar é “dar moleza” para o devedor. Mas na real, saber como cobrar uma dívida negociando pode ser a diferença entre receber alguma coisa ou não receber nada.
Se o cara está desempregado, não adianta exigir pagamento à vista. Melhor parcelar e receber aos poucos do que ficar brigando e não receber nunca.
Desconto para pagamento à vista também funciona. É melhor receber 70% hoje do que correr o risco de não receber nada depois de anos de processo.
Agora, qualquer acordo que vocês fechem, ponha no papel. Pode ser um e-mail simples confirmando: “Conforme conversamos, a dívida de R$ 5.000,00 será paga em 10x de R$ 500,00, todo dia 15.”
E se o cara não cumprir nem o acordo? Aí sim você tem munição pesada para ir para a Justiça. Juiz detesta quem faz acordo e não cumpre.
Notificação por cartório: quando investir
A notificação extrajudicial por cartório é uma ferramenta poderosa para quem quer entender como cobrar uma dívida de forma mais séria. Ela assusta o devedor e serve como prova robusta.
Custa entre R$ 150 e R$ 300, dependendo do estado. No estado de São Paulo, por exemplo, você pode consultar os valores atualizados no site do CDT. Vale a pena quando a dívida é significativa – digamos, acima de R$ 3.000,00.
O lado bom é que cria uma prova documental excelente. O lado ruim é que se o cara mudou de endereço e você não sabe onde ele está, vai jogar dinheiro fora.
A notificação por cartório tem um peso psicológico grande. Muita gente que estava “enrolando” resolve pagar quando recebe um papel oficial em casa.
E tem mais: se você precisar ir para a Justiça depois, o juiz vai ver que você tentou notificar extrajudicialmente. Isso mostra sua boa-fé e pode acelerar o processo.
Serviços online: alternativas mais baratas
Se o custo do cartório está pesado para o tamanho da sua dívida, existem serviços online que fazem notificação por e-mail, SMS e WhatsApp com valor jurídico.
Eles custam entre R$ 15 e R$ 50 por notificação. Empresas como AR Online explicam como essas notificações digitais funcionam e sua validade jurídica. Não têm o mesmo peso de uma notificação de cartório, mas são úteis para como cobrar uma dívida menor ou para fazer uma primeira tentativa mais formal.
A vantagem é que você consegue notificar vários devedores rapidamente e com custo baixo. Muitos desses serviços fornecem comprovantes detalhados de entrega e leitura.
É uma opção intermediária entre a cobrança informal e a notificação de cartório. Para dívidas até R$ 2.000,00, pode ser uma boa pedida.
Quando o cara sumiu: como localizar
Uma das situações mais irritantes sobre como cobrar uma dívida é quando o devedor simplesmente some. Mudou de casa, trocou de telefone, virou fantasma.
Existem empresas especializadas em localizar devedores. Elas consultam várias bases de dados para encontrar novos endereços, telefones e até informações sobre bens.
Os preços variam de R$ 30 a R$ 200 por consulta. Vale a pena quando a dívida é alta e você já tentou de tudo. A Assertiva Localize, Think Data e outras prestam esse serviço.
Só tome cuidado para contratar empresa séria, que respeite a Lei de Proteção de Dados. E não espere milagres – se o cara realmente quer se esconder, pode conseguir.
Outra opção é procurar nas redes sociais. Muita gente some do radar mas continua postando no Instagram. Às vezes você consegue descobrir onde a pessoa está trabalhando ou morando.
A hora de ir para a Justiça
Depois de esgotar todas as tentativas de como cobrar uma dívida amigavelmente, pode ser hora de buscar a Justiça. Mas isso tem que ser uma decisão calculada.
Geralmente, vale a pena judicializar quando:
- Já se passaram uns 6 meses tentando cobrar por fora
- O valor justifica os custos (pelo menos uns R$ 15.000,00)
- Você tem documentos que provam a dívida
- O devedor está fazendo pouco caso ou tentando te enrolar
Mas antes de partir para o processo, verifique se o cara tem bens. Não adianta nada ganhar uma ação contra quem não tem patrimônio. É como ganhar um processo contra um mendigo.
Se você chegou até aqui e nada funcionou, talvez seja hora de procurar um advogado. Eu tenho um artigo completo sobre como cobrar dívidas na Justiça que pode te ajudar a entender os próximos passos.
Cuidado com a prescrição
Uma coisa importante sobre como cobrar uma dívida: não deixe o tempo passar demais. Para a maioria das dívidas, o prazo para cobrar judicialmente é de 5 anos.
E tem uma novidade recente: o Superior Tribunal de Justiça decidiu que dívidas prescritas não podem mais ser cobradas nem na Justiça nem fora dela. Ou seja, se passou do prazo, acabou.
Por isso, não fique enrolando. Se você vê que a cobrança extrajudicial não está dando resultado, procure orientação jurídica antes que seja tarde demais.
O tempo joga contra você. Quanto mais demora, menor a chance de receber. E se prescrever, você perde até o direito de tentar.
Quando aceitar que não vai receber
Às vezes, por mais que você saiba como cobrar uma dívida corretamente, a pessoa realmente não tem condições de pagar. Está desempregada, quebrada, não tem bens.
Nesse caso, insistir pode ser jogar dinheiro bom atrás do ruim. É frustrante, mas faz parte. Eu explico melhor essa situação no artigo sobre o que fazer quando o devedor não tem bens.
O importante é você ter tentado de tudo dentro da legalidade. Pelo menos sua consciência fica tranquila, e você aprende para a próxima.
Saber como cobrar uma dívida é uma habilidade que todo mundo deveria ter. O segredo está em ser persistente sem ser abusivo, firme sem ser grosseiro.
Na maioria dos casos, uma cobrança bem feita e bem documentada resolve a questão. E quando não resolve, pelo menos você tem material para ir à Justiça com chances reais de ganhar.
Lembre-se: você não está pedindo favor, está cobrando um direito seu. Só faça isso de forma inteligente e dentro da lei.
O seu caso pode ser diferente. Se negociar não deu certo, consulte um advogado.